Até daria para encarar essa loucura, mas é melhor não tentar.
O principal problema nem é o tamanho da onda: nos picos de
Mavericks e Jaws, na Califórnia e no Havaí, as ondas quebram
com até 21 metros, o dobro do tamanho do tsunami que varreu
o Sudeste Asiático no fim de 2004. O perigo é a força da onda mortal.
Sua velocidade chega a 800 km/h e o volume de água que ela
carrega é gigantesco. Além disso, o tsunami não tem aquela estrutura
curvada e nem quebra como uma onda comum. Isso dificulta as
manobras dos surfistas. "Tecnicamente, dropar um tsunami seria
parecido com surfar uma pororoca, a onda oceânica que invade
os rios amazônicos na época das grandes marés. Mas o risco de um
acidente é bem maior", diz o geógrafo Willem de Lange, da Universidade
de Waikato, na Nova Zelândia. Para começar, a pororoca tem hora
exata para ocorrer - o tsunami, não. Além disso, a onda mortal
é 20 vezes mais rápida e arrasta muito mais detritos. Mesmo assim,
tem quem toparia cair na água no meio de um maremoto.
"Basta estar na hora exata, no lugar exato, e contar com
equipamentos adequados, como apoio de jet ski e helicópteros.
Mas qualquer erro pode ser fatal", afirma o jornalista e surfista
Sérgio Laus, que surfou sete vezes a pororoca.